quarta-feira, 20 de outubro de 2010

SEMANA DA SAÚDE


Reunião de HTPC 19/10/2010

EDUCAR

Educar é um ato heróico em qualquer cultura.
Talvez seja pelo fato de que educar exija que a pessoa saia um pouco de si e vá ao encontro do outro; um outro desconhecido; um outro anônimo; um outro que me questiona; um outro que me confronta com meus próprios fantasmas, meus próprios medos, minha própria insegurança. Talvez seja pelo fato que educar exija sacrifício, exija renúncia de si, exija abandono, exija fé, exija um salto no escuro. Talvez por isso seja algo para poucos.
Seja para pessoas que acreditam nas outras pessoas.
Seja para pessoas que não se acomodaram diante da mesmice que a sociedade pede todos os dias. Talvez por isso seja mais fácil encontrar professores que educadores:Professores são donos do conhecimento.
Educadores são mediadores.
Professores são profissionais do ensino.
Educadores fazem do ensino um estimulo para seu conhecimento pessoal.
Professores usam a palavra como instrumento.
Educadores usam o silencio.
Professores batem as mãos na mesa.
Educadores batem o pé no chão.
Professores são muitos, Educadores são Um.
O educador tem os pés no chão, mas sua cabeça está sempre nas alturas porque acredita que quem está à sua frente não é um cliente esperando para ser atendido, mas uma pessoa aguardando orientações para seguir seus passos. Esta é a razão de ser do educador. Esta é sua esperança. E para isso, o educador precisar ser inteiro, precisar ser completo, precisa estar em sintonia com o universo. Por isso é para poucos, mas não devia ser assim.
O ideal seria que toda sociedade estivesse voltada para a realização de todos e não apenas para a de alguns privilegiados que se sentem como deuses e querem decidir a vidas das pessoas.
O certo seria que todo ser humano desenvolvesse seus dons e talentos para o bem de todos e que não fosse algo extraordinário alguém sobressair-se por causa de seu potencial artístico.
Simplesmente deveria se assim todo; deveria ser comum todos os seres poderem expressar sua alegria de esta vivo sem precisar "vender" seus talentos para manterem-se vivos.
Infelizmente, no entanto, a realidade que vivemos foi "pensada" de um jeito tal que as pessoas são compreendidas como máquinas de ganhar dinheiro, como objeto de consumo, como um monte de lixo que servirá apenas de estrume para aqueles que dominam o sistema social.
É preciso reverter esse quadro. É preciso que os professores criem uma consciência nova, dinâmica, ancestral, para que novo jeito de pensar venha à tona e possa colocar em xeque uma sociedade que desvaloriza o ser humano em detrimento do dinheiro, do acumulo, do consumo.
É preciso que os professores virem educadores de verdade e possam despertar nossos jovens para o futuro que se inscreve em nossa memória ancestral. Só assim teremos um amanhã.

Daniel Munduruku



ESTRATÉGIAS DE LEITURA


Competências desenvolvidas: Grupo I – Observar
Grupo II – Realizar
Grupo III – Compreender


HABILIDADES DE LEITURA - Antes da leitura

• Levantamento do conhecimento prévio sobre o assunto. (O que já se sabe sobre o assunto).
• Expectativas em função do suporte. (De onde veio o texto?).
• Expectativas em função da formatação do gênero (Divisão em colunas, segmentação do texto, tabelas, gráficos...).
• Expectativas em função do autor ou instituição responsável pela publicação. (Como escrevem? Qual sua linha editorial? O que costuma publicar?).
• Antecipação do tema ou ideia principal a partir de elementos como título, subtítulos, epígrafes, prefácios, sumários. (Levantar hipóteses a respeito do assunto abordado a partir do título e subtítulo).
• Antecipação do tema ou ideia principal a partir do exame de imagens ou de saliências gráficas. (Leitura exploratória das imagens -fotografias/ilustrações/mapas, gráficos...).
• Explicitação das expectativas de leitura a partir da análise dos índices anteriores. (Os processos cognitivos e afetivos mobilizados pela leitura exploratória - decisivos para orientar a escolha do material a ser lido, como também para ativar o conhecimento prévio e construir expectativas de leitura).
• Definição dos objetivos da leitura. (Objetivos diferentes determinam modos diferentes de ler, pois mobilizam o uso de diferentes estratégias de leitura).

HABILIDADES DE LEITURA - Durante a leitura (autônoma ou compartilhada)

• Confirmação ou retificação das antecipações ou expectativas de sentido, criadas antes ou durante a leitura. (Confronto entre as hipóteses levantadas e o que vão identificando na leitura do texto).
• Localização ou construção do tema ou da ideia principal. (Do que trata o texto? – para reconhecer o tema. O que este texto desenvolve a respeito desse assunto? – para inferir ou localizar a ideia principal. Formulação de questões antes de iniciar a leitura integral do texto).
• Esclarecimento de palavras desconhecidas a partir de inferência ou consulta a dicionários. (Leitura global conhecer o texto – sublinhar palavras desconhecidas e interpretá-las seguindo o contexto para depois recorrer ao dicionário. Caso recorra primeiro ao dicionário, o leitor passa a “caçar” palavras, cujo sentido desconhece e não as interpreta).
• Identificação de palavras-chave para a determinação dos conceitos veiculados. (Identificação dos conceitos e de suas ramificações dentro do texto pode ser um recurso para o estudante aprender como está construída e fundamentada a argumentação do autor).
• Busca de informações complementares em textos de apoio subordinados ao texto principal ou por meio de consulta a enciclopédias, internet e outras fontes. (Buscar em outros textos ou suportes).
• Identificação das pistas linguísticas responsáveis pela continuidade temática ou pela progressão temática. (Focar o olhar em palavras que ajudam o leitor a estabelecer conexões e sinalizar a progressão temática à medida que lê - informações para complementar seu conhecimento).
• Identificação das pistas linguísticas para compreensão da sintetização do conteúdo do texto. (Identificar pistas linguísticas na estrutura textual para verificar – sequência temporal ou cronológica (depois/durante/antes); relação causa e efeito (porque/por essa razão); comparação ou contraste (apesar de/ tal como).
• Identificação das pistas linguísticas responsáveis por introduzir no texto a posição do autor. (Identificar e anotar coletivamente os argumentos e os contra-argumentos do autor, como foram organizados, quais estratégias linguísticas utilizadas por ele. Alguns recursos: evidentemente/ é certo que/ obviamente/ talvez (comprometimento do autor); indispensável/opcionalmente/ é necessário (caráter menos imperativo).
• Construção do sentido global do texto. (Implica tanto decifrar o material gráfico, como fazer uso do conhecimento prévio para preencher o que não está escrito, estabelecendo conexões através de inferências que podem envolver diferentes graus de complexidade. Para construir o sentido global do texto, é preciso ir construindo na memória uma espécie de sequência de ideias ou de resumo do texto que vai sendo ampliado e modificado à medida que a leitura avança).
• Identificar referências a outros textos, buscando informações adicionais se necessário. (Confrontar textos uns com os outros).


HABILIDADES DE LEITURA - Depois da leitura

• Construção da síntese semântica do texto. (Durante a leitura construímos mentalmente a síntese semântica do texto: resumo /esquema pergunta-resposta);
• Troca de impressões a respeito dos textos lidos, fornecendo indicações para sustentação de sua leitura e acolhendo outras posições. (Compartilhar impressões: roda de leitores/exercitar a escuta/troca de ideias...)
• Utilização, em função da finalidade da leitura, do registro escrito para melhor compreensão. (Ler e escrever a respeito do material lido: leitura mais reflexiva).
• Avaliação crítica do texto. (Professor e estudante tomam posições. Cuidado com a imposição de ideias: professor precisa mediar o debate).

Fonte: Referencial de expectativas para o desenvolvimento da competência leitora e escritora no Ciclo II do ensino Fundamental – Prefeitura da cidade de São Paulo.


Atenção! Salientamos a importância de o professor oportunizar momentos de trocas de impressões sobre o texto lido.

Pontos a considerar:

- para a maior parte de nossos alunos, a leitura vai da escola para casa; por isso, precisamos pensar em ações que façam a leitura chegar à família;

- o ambiente de leitura deve ser o mais descontraído possível;

- a leitura é uma prática e se constrói na prática, portanto, precisamos facilitar o acesso aos livros;

- não basta facilitar o acesso aos livros, é necessário estimular a leitura e, para isso, é preciso que o professor seja um apaixonado pela leitura;

- as crianças e jovens brasileiros não estão aptos a usar a leitura como instrumento de cultura e lazer; precisamos reverter esse quadro;

- o professor precisa oportunizar espaços de compartilhamento da leitura, mostrando que ela é uma prática cultural, tanto para realizar pesquisas como para o lazer;

- é preciso que o professor crie espaços para que o aluno possa compartilhar suas experiências de leitura; para que ele possa contar e ouvir experiências, tendo a possibilidade de crescer como ser humano, conhecer o próprio sentimento e o do outro e, assim, se humanizar;

- o contato constante com os livros faz com que o aluno perceba que sua vida está inserida em várias obras literárias, escritas por escritores diversos;

- motivos para a leitura: todo motivo vem de uma necessidade – necessidade de experimentar emoções e desejos; necessidade de criar e materializar idéias realizáveis apenas no âmbito da fantasia; viver emoções; criar fantasias;

- é importante que se crie atividades de socialização da leitura (rodas de leitura, painel de indicação de livros, contação de histórias, dramatização...); que se crie atividades organizadas para estimular a pensar e a se expressar sobre a leitura; saber ouvir para poder falar; perceber o que o outro notou no livro; concordar ou discordar, baseando-se em argumentos consistentes;

- a leitura compartilhada com leitores experientes pode favorecer a descoberta de diferentes tipos de textos;

- a formação do leitor acontece ao longo da vida.


UMA EQUIPE QUE APRENDE


DO QUE DEPENDE A COMPREENSÃO DE UM TEXTO?

Desenvolvimento das capacidades de leitura

Capacidades de leitura
ž Decodificação (ler nas linhas)
ž Compreensão e interpretação (ler entre as linhas)
ž Apreciação e réplica (ler por trás das linhas)

O TRABALHO COM LEITURA NA ESCOLA: UMA SÍNTESE

Um trabalho adequado com leitura, na perspectiva de formação para um exercício mais pleno da cidadania, deve:
• Possibilitar que os alunos confiram sentido ao que lêem (tomar a leitura como situação de interlocução em que sempre há objetivos e motivações);
• Conter atividades que visem subsidiar os alunos para a (re) construção dos sentidos do texto e não simplesmente visar a checagem da compreensão ou fornecer todos os elementos;
• Apresentar atividades/questões antes, durante e depois da leitura, levando em conta a legibilidade dos textos para os alunos;
• Explorar diferentes capacidades, levando em conta a legibilidade dos textos para os alunos e os objetivos e conteúdos das disciplinas;
• Contemplar o que está nas linhas, entre as linhas e por trás das linhas;
• Contemplar diferentes gêneros, explorando suas características, sem perder de vista a compreensão dos textos lidos;
• Diversificar estratégias: leitura individual, em dupla, coletiva, compartilhada, leitura do professor, dos alunos, com diferentes tipos de mediação etc.
• Para o desenvolvimento das capacidades de apreciação e réplica, é fundamental fornecer subsídios em termos de conteúdos para que os alunos possam efetivamente se posicionar;
• Não ter a intenção de mobilizar todas ou muitas capacidades de uma só vez (trabalho extenso e sem sentido).

Após trabalhar, em sala de aula, conteúdos e temas sobre a escravidão, a sociedade patriarcal e a vida urbana no Brasil, no início do século XIX, a partir de documentos visuais, um professor de história solicitou oralmente aos seus alunos a seguinte atividade, como proposta de aprofundamento de estudos.

- Abram seus Cadernos na página 15 e observem a imagem
3. Ela retrata uma cena de jantar no Brasil, na primeira metade do século XIX.
- O que vocês podem ver nela? (ouve a descrição de alguns alunos sobre a imagem);
- Pois bem, eu quero que vocês façam uma pesquisa no livro didático de vocês e também nos livros disponíveis na biblioteca da escola sobre os hábitos alimentares da sociedade brasileira da época e a influência da cozinha africana nesses hábitos.

O jantar no Brasil



Jean-Baptiste Debret. Viagem Pitoresca e histórica ao Brasil (1834-1839)


Na solicitação aos alunos, o professor evocou dois tipos de textos

1- Não verbal
- Observar uma imagem do álbum Viagem pitoresca e histórica ao Brasil (1834 – 1839);
2- Verbal
- Produzir um texto escrito fruto de uma pesquisa;

São exigidas quatro habilidades centrais da língua:
Escuta
Leitura
Oralidade
Escrita

O que faltou nessa atividade?
Chamar a atenção dos alunos para o contexto de produção da imagem:
Quem pintou?
Qual era seu objetivo?
Quando foi produzida?
Onde será exposto?
Por que faz parte de uma série com esse nome?
Quem serão os leitores potenciais?

Para que eles tivessem a possibilidade de

- Mobilizar representações sobre o contexto e o conteúdo
- Capacidades de ação
- Para que os alunos pudessem fazer escolhas para compor a estrutura geral do texto
- Capacidades Discursivas
- E também para manter as coesões temática e pragmática
(escolhas lexicais, das conexões, ...)
- Capacidades Linguístico-discursivas

POR QUE TODAS AS DDISCIPLINAS DEVEM PROMOVER O TRABALHO COM A LEITURA E A ESCRITA?
- Porque a leitura e a escrita perpassam toda a produção de conhecimento e sua
(re)construção em todas as disciplinas e suas práticas pedagógicas;
- Porque o desenvolvimento das capacidades de leitura dos alunos supõe conhecimentos específicos (das várias disciplinas) que muitas vezes o professor de português não possui;
- Porque em diferentes disciplinas circulam gêneros, cujo domínio pode favorecer os processos de compreensão e produção de textos. Para tanto, devem ser explorados por todos os professores no contexto em que circulam

GÊNEROS DO DISCURSO

— “...cada esfera de utilização da língua elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados, sendo isso que denominamos gêneros do discurso.” (p. 279)
— “ O enunciado reflete as condições específicas e as finalidades de cada uma dessas esferas, não só por seu conteúdo (temático) e por seu estilo verbal, ou seja, pela seleção operada nos recursos da língua - recursos lexicais, fraseológicos e gramaticais - mas também, e sobretudo, por sua construção composicional.” (p. 279)


Esferas de circulação de discursos na vida




OS GÊNEROS DE DISCURSO NA ESCOLA





CAPACIDADES DE LEITURA E CONHECIMENTOS