Indisciplina na Escola: alternativas teóricas e práticas (resumo e questões)


Resumo do texto: A desordem na relação professor-aluno: Indisciplina, moralidade e conhecimento. In:______ AQUINO, Julio Groppa (org.).Indisciplina na Escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus, 1996.

O que é Indisciplina?
Entende-se por indisciplina os comportamentos destrutivos graves que supõem uma disfunção da escola. Os comportamentos indisciplinados simplesmente obedecem a uma tentativa de impor a própria vontade sobre a do restante da comunidade. [...] Também se entende por indisciplina as atitudes ou comportamentos que vão contra as regras estabelecidas, as normas do jogo, o código de conduta adotado pela escola para cumprir sua principal missão: educar e instruir. Então, muitas vezes, o problema consiste em que não existem tais normas, a escola funciona de acordo com um código não-escrito, conhecido somente por poucos, o qual não é divulgado entre a comunidade escolar”. (CASAMAYOR apud AQUINO, 2006, pg. 15)

O que se sabe e sobre a Indisciplina Escolar?
Sabe-se claramente que a Indisciplina constitui uma das queixas reinantes quanto ao cotidiano não apenas de professores, mas também de pais.
Se trata de um fenômeno escolar que ultrapassa fronteiras socioculturais e também econômicas.
Deixaram de ser encarados como eventos esporádicos para se tornarem, uma das razões nucleares do alegado desgaste ocupacional dos profissionais da Educação.
Parece ter relação imediata com o estilo de ação do professor, mostrando-se como resposta a falta de autoridade ou ao seu excesso.
Em todos os casos o que parece estar em pauta é a afronta – declarada ou não – aos códigos normativos em vigor na Instituição.
Não se trata de um fenômeno exclusivo da Escola Pública.
O ápice do fenômeno parece se dar, na maioria das vezes, entre a etapa final do ensino Fundamental e o início do ensino Médio.
Temática, que tomou entre nós, maior visibilidade a partir dos anos 1990.
A maioria dos educadores não sabe ao certo como administrar o ato indisciplinado (dialogar? Punir? Encaminhar? Ignorar?)

O que se suspeita sobre a Indisciplina escolar?
Suspeita-se que a Indisciplina discente seja um fenômeno típico da adolescência, e esta caracterizada pelo questionamento e dos valores impingidos pelo mundo adulto.
Manifestação de uma agressividade latente dirigida contra as figuras de autoridade, agressividade gerada pela “desestruturação” do ambiente familiar (prejuízos psíquicos difusos).
Más influências a que as novas gerações foram expostas (o excesso de televisão, de internet, etc.)
Supõe-se que, centrando os esforços em torno dos “casos graves”, poder-se-ia livrar os alunos medianos da ameaça de serem corrompidos por hábitos avessos aos bons costumes.
A escola poderia fazer muito pouco, ou quase nada, contra a degradação da sociedade contemporânea, simbolizada pela indisciplina generalizada das novas gerações.

O que estaria acontecendo com a educação brasileira atualmente? Qual é o papel da Escola para a sua clientela e seus agentes? Afinal de contas, sua função primordial seria a de veicular os conteúdos classicamente preconizados ou tão-somente conformar moralmente os sujeitos a determinadas regras de conduta?
O papel essencial da escolarização é atender a dimensão epistêmica do ensino.
Dimensão socializante da escola
Dimensão profissionalizante???
O olhar sócio-histórico: a Indisciplina como força legítima de resistência

Iniciemos examinando um texto bastante curioso de 1922, intitulado Recommendações Disciplinares:
[...] A disciplina é fator essencial do aproveitamento dos alumnos e indispensável ao homem civilisado. [...] Os alumnos devem apresentar minutos antes das 10 horas, observando-se em ordem no corredor da entrada, para dahi descerem ao pateo onde entoarão o cantico. [...] Em classe a disciplina deverá ser severa: - os alumnos manterão entre si silêncio absoluto; não poderá estar de pé mais de um alumno; não deverão ser atirados no chão papeis ou quaesquer cousas que prejudiquem o asseio da sala; [...] serão retirados do recreio ou sofrerão a pena necessária os alumnos que gritarem, fizerem correrias, danificarem as plantas ou prejudicarem o asseio do páteo com papeis, cascas de fructas, etc.

Tempos antigos para uma demanda diferente...

Esta escola do passado é, ainda para muitos, o modelo almejado...
Medo, coação, subserviência. É isto que devemos saudar?
A estrutura e o funcionamento escolar então espelhavam o quartel, e o professor, um superior hierárquico. Uma espécie de militarização difusa parecia, assim, definir as relações institucionais como um todo.
Ora, com a crescente democratização do país e, em tese, a desmilitarização das relações sociais, uma nova geração se criou.
Os parâmetros que regem a escolarização ainda são regidos por um sujeito abstrato, idealizado e desenraizado dos condicionantes sócio-históricos.
Ela (a Indisciplina) pode estar indicando o impacto do ingresso de um novo sujeito histórico, com outras demandas e valores, numa ordem arcaica e despreparada para absorvê-la plenamente.

Olhar psicológico: Indisciplina como carência psíquica infra-estrutural
Numa perspectiva genericamente psicológica, a questão da indisciplina estará inevitavelmente associada à idéia de uma carência psíquica.
O reconhecimento da autoridade externa (do professor no caso) pressupõe uma infra-estrutura psicológica, moral mais precisamente, anterior à escolarização.
Permeabilidade de regras comuns; partilha de responsabilidades, cooperação, reciprocidade, solidariedade, etc.
O aluno atual carece de tais parâmetros, pois nota-se: agressividade/rebeldia; ou apatia/indiferença, ou, ainda, desrespeito/falta de limites.
Que se trata, supostamente, de um sintoma de relações desagregadoras, incapazes de realizar a contento sua parcela no trabalho educacional das crianças e adolescentes. Um esfacelamento do papel clássico da instituição familiar, enfim.

Relação professor-aluno como recorte
O que deve regular a relação é uma proposta de trabalho fundamentada intrinsecamente no conhecimento. Por meio dela, pode-se fundar e/ou resgatar a moralidade discente na medida em que o trabalho do conhecimento pressupõe a observância de regras, de semelhanças e diferenças, de regularidades e exceções.
Este trabalho de incessante indagação, no trabalho científico, não requer que o aluno seja estático, calado, obediente. O trabalho do conhecimento, pelo contrário, implica a inquietação, o desconcerto, a desobediência. A questão fundamental está na transformação desta turbulência em ciência.

Por uma nova ordem pedagógica
È preciso, pois, reinventar continuamente os conteúdos, as metodologias, a relação.
Esta guinada na compreensão e no manejo disciplinares vai requere enfim, uma conduta dialógica por parte do educador, pois é ele quem inaugura a intervenção pedagógica.
O ofício docente exige a negociação constante, quer com relação às estratégias de ensino ou avaliação, quer com relação aos objetivos e até mesmo aos conteúdos preconizados – sempre com vistas à flexibilização das delegações institucionais e das formas relacionais.
Quesitos principais dessa relação:
Investimento nos vínculos concretos (onde essa relação é foco principal)
Fidelidade ao contrato pedagógico – que este seja razoável para ambas as partes.
Permeabilidade para mudança e para a invenção – reaprender seu ofício e reinventar seu campo de conhecimento a cada encontro.

Questões alternativas

1) Segundo o autor Júlio Groppa Aquino em seu livro “Indisciplina: Alternativas teóricas e práticas” a Indisciplina discente é um fenômeno típico da adolescência. Quais características abaixo podem explicar os motivos que são causadores da Indisciplina em sala de aula: I. O questionamento às normas e valores que são impostos pelos adultos. II. Desestrutura familiar (pela desagregação de casais, falta de tempo com os filhos, não supervisão das tarefas escolares, etc.) III. Aos hábitos e novos costumes impostos pelos meios de comunicação de massa, mais sedutores do quê o espaço de sala de aula.

a)      I e II são causadoras de Indisciplina
b)      II e III são responsáveis pela Indisciplina
c)      I e III são na verdade os verdadeiros responsáveis pela Indisciplina.
d)     Todas as alternativas são responsáveis pelo fenômeno da Indisciplina.

2) Segundo Aquino, as inflexões disciplinares: I- parecem ter correlação imediata com o estilo de ação do professor, mostrando-se como resposta à ausência de autoridade docente ou ao seu inverso, o abuso. II- são menos comuns com professores de Educação Física e de Artes. III- não se trata de um fenômeno exclusivo de países como o Brasil; verifica-se também em contextos em que as condições infra-estruturais do trabalho escolar são mais satisfatórias.
Estão corretas as afirmativas:

a)      I e III
b)      I e II
c)      III e II
d)     I, II e III



Questões dissertativas

3) A indisciplina escolar se tornou, nos últimos tempos, um dos assuntos nucleares no que circunda o imaginário educacional. O especialista Julio Groppa Aquino, em seu texto: “A desordem na relação professor-aluno: Indisciplina, Moralidade e Conhecimento”, apresenta-nos uma reflexão sócio-histórica sobre o fenômeno da Indisciplina, considerando ser uma força legítima de resistência. Que tipo de “resistência” ele se refere? Como entender a Indisciplina pelo olhar “sócio-histórico”? Justifique.

4) Um dos problemas relacionados à Indisciplina escolar seria “O esfacelamento do papel clássico da família” (Julio Groppa Aquino, pg. 46). A partir dessa citação, explique como as condicionantes psicológicas relacionadas ao papel da família podem ser direcionadas para um maior entendimento do fenômeno da Indisciplina escolar.

5) Para relativizar o problema da Indisciplina escolar, o autor Júlio Groppa Aquino, propõe o “Contrato Pedagógico”. Explique-o.


2 comentários:

  1. excelente atividade sobre indisciplina , me ajudou muito no meu ATPC!

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  2. excelente atividade sobre indisciplina , me ajudou muito no meu ATPC!

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